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Brasil: Movimiento de los Trabajadores Sin Techo ocupa terreno de Volkswagen y ya llega a 2 mil familias

21.07.03

Trabalhadores sem-teto ocuparam terreno em São Bernardo do Campo na madrugada de 19/07. Cerca de 200 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) ocuparam um terreno vazio na madrugada de hoje na Vila São José, em São Bernardo do Campo. Após as 14 horas o número de famílias já ultrapassava 500 (estimativas), em uma área que pode abrigar ainda mais pessoas. Neste domingo, as 10h00, haverá uma assembléia e varias lideranças políticas e populares estão convidadas a participar. Ontem, Sábado, no período da manhã o delegado titular esteve no local, e demonstrou simpatia (acreditem) com as causas populares e sociais do nosso país. Com poucas perguntas, e demonstrando não criminalizar a ação, justificou sua presença em razão das necessidade de elaborar um relatório. Nada ocorreu além disso e da negociação do ?abaixe o som? que a polícia pediu na madrugada. Sabemos do risco de reintegração, e que poderá ocorrer de forma violenta. A preocupação geral é que esta poderá ocorrer no início da manhã de segunda-feira. A ocupação está precisando de alimentos e materiais para erguer os barracos. Necessidades: Medicamentos em geral (primeiros socorros, analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios, etc.). Leite para as crianças Alimentos não perecíveis. Lona / madeira / corda / dentre outros. Leve sua doação ao local! Endereço da Ocupação: Rua José Fornale, 1277, ao lado do piscinão e em frente à Malharia Romano, no bairro Vila São José, em São Bernardo do Campo.

O acampamento dos sem-teto montado no terreno da Volkswagen na avenida Doutor José Fornari, na Vila Ferrazópolis, em São Bernardo, ganhou neste domingo novas adesões no segundo dia da invasão. A coordenação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) – responsável pela ocupação –, estimava em mais de duas mil as famílias no local, contra as 400 recrutadas inicialmente, apesar de não ter havido ainda um cadastramento oficial.
A coordenação do movimento também aproveitou o domingo para batizar o acampamento com o nome de Santo Dias – metalúrgico morto pela polícia numa greve na capital em 1979 e tornado símbolo do movimento operário, à época tendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Bernardo, à frente.

Em assembléia realizada no terreno, a invasão ganhou o apoio formal de representantes políticos e comunitários da região, inclusive da comissão de fábrica dos trabalhadores da Volks, que se manifestaram em discursos para os sem-teto.

O grupo já tinha conseguido neste domingo organizar uma infra-estrutura mínima para permitir a permanência das famílias no terreno 200 mil m² onde antes funcionava a fábrica de caminhões da Volkswagen. No segundo dia de ocupação, os invasores cozinhavam já com alimentos doados e podiam usar a água e um banheiro existentes no terreno.

Para enfrentar a primeira noite no acampamento, um grupo ficou responsável pela cozinha e, com verduras trazidas por membros do centro Padre Leo Commissari, da favela do Oleoduto, em São Bernardo, fizeram um sopão. “Priorizamos as crianças, porque adultos agüentam mais”, disse Antônia Valéria da Silva, 36 anos, que se mudou com toda a família para o terreno.

Também ganharam 5 kg de arroz, pacotes de salsicha e 18 kg feijão, que neste domingo eles preparavam para o almoço. Mas o número de pessoas para se alimentar era bem maior: segundo a coordenação, cerca de duas mil famílias, bem acima das 800 pessoas do primeiro dia. Muitos arranjaram sua própria alimentação, como o motorista desempregado Amarildo Luis Rosa, 41 anos, que ontem cozinhava para a família. “Trouxemos arroz, feijão e verduras”, disse.

Água – Para cozinhar e beber, os acampados estão usando controladamente a água que havia no terreno. Um banheiro abandonado foi reativado, mas a idéia é que cada as famílias providenciem fossas naturais coletivas. Segundo a coordenadora local do MTST, Camila Alves, que também dormiu no local, as condições precárias devem melhorar com o tempo. “Vamos montar uma farmácia, porque temos alguns medicamentos doados, uma ciranda, que é um espaço para as crianças ficarem”, disse.

O grupo também conta com doações futuras de igrejas e entidades. Neste domingo, veio apoio do Movimento GLSBT (Gays, Lésbica, Simpatizantes, Bissexuais e Trangêneros) de São Bernardo. “Vamos nos mobilizar para ajudar na doação de alimentos para os sem-teto”, disse um dos representantes do grupo, João Carlos Silva, que compara sua própria situação de discriminação com a dos sem-teto.


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