Araweté, Parakanã, Xipaya, Curuaia e Xicrim marcham sobre Altamira
Fonte: Diário do Pará
Vestidos e pintados para guerra, dispostos a destruir o Distrito de Saúde Indígena (DSEI), em Altamira, região oeste do Pará, os índios Araweté, Parakanã, Xipaya, Curuaia e Xicrim chegaram à cidade anteontem por volta das 18hs e desde então ameaçam invadir e destruir a sede do DSEI caso a atual gerente do distrito, Tânia Sena, e a também gerente do convênio 396, Gracinda Magalhães, não deixem os cargos. Os índios reclamam das mortes súbitas que afligem seu povo, principalmente a aldeia Bacajá, sem que recebam atendimento necessário.
Eles apresentam os nomes de Dnair Marques e Marilene Magalhães para assumir os cargos e disseram que só deixam a cidade quando ambas assumirem a administração da Saúde indígena local, caso contrário ocuparão a sede e ninguém entrará o sairá do lugar.
A Polícia Militar enviou soldados para evitar quebra-quebra no prédio da Funasa, enquanto funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) tentavam acalmar os índios.
Tânia Sena já foi afastada da direção do órgão ontem pela manhã e assumiu interinamente o cargo, Luís Fernando, por determinação do assessor do presidente da Fundação Nacional de Saúde Indígena ( Funasa), Ademar Gregório, que esteve ontem em Altamira para realizar com a prefeitura a liberação da última parcela do convênio 396 que estava com repasse atrasado há 6 meses, segundo o prefeito Domingos Juvenil.
Em Belém, o coordenador da Funasa no Pará, Hélio Martins , informou que o órgão repassou ontem mesmo R$ 607 mil para a prefeitura de Altamira prestar atendimento médico em 12 aldeias indígenas da região. O repasse do dinheiro, segundo Martins, estava suspenso desde agosto do ano passado, porque a prefeitura não prestou contas do último convênio firmado com a União Federal.
O dinheiro foi liberado em caráter emergencial, mas a prefeitura terá que comprovar o cumprimento do plano de metas previsto pelo convênio.
Reunião apenas definiu prazo para obtenção de uma resposta
No início da tarde de ontem, estiveram reunidos os representantes da Funasa, DSEI, secretaria municipal de Saúde e o chefe da Fundação Nacional do Índio,(Funai), em Altamira, Benigno Pessoa, que tentava manter um clima de cordialidade entre as partes durante toda a reunião que ocorreu em ambiente de extrema tensão.
Na língua Xicrim, todos os guerreiros expuseram suas reclamações e foram unânimes em afirmar que os índios estão morrendo nas aldeias sem assistência, sem remédio e ainda reclamam que a ajuda sempre chega tarde, quando a situação do índio já é irreversível. A decisão de vir até Altamira foi tomada depois da morte de uma índia Xicrim, na manhã de terça feira. no Hospital Municipal de Altamira.
O clima ficou ainda mais tenso com a chegada do corpo de um outro índio Xicrim que morreu às 15h de ontem mesmo hospital onde estava internado. O pequeno índio tinha 8 meses de vida e morreu vítima de uma infecção generalizada. Até agora, segundo os índios, já foram seis os mortos por falta de atendimento médico.
Os indígenas dizem que aguardam até hoje às 14hs por uma resposta definitiva sobre a substituição da gerência do DSEI em Altamira. A posição dos índios foi repassada ao presidente da Funasa ainda ontem à tarde.
Os 110 índios que já estão em Altamira, aguardam ainda a chegada outros índios de mais 12 tribos que vindos das regiões do Xingu e Iriri.