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Liga de los Campesinos Pobres del Norte de Minas Gerais

16.03.05

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O ACONTECIDO

1. No dia 23 de fevereiro de 2005, mais de 200 policiais militares desembarcaram em Matias Cardoso, Norte de Minas, para tentar retirar da Fazenda Calindó, que já não existe há mais de 7 anos, as 38 famílias da Comunidade Nova Era.

2. Instalou-se o Comitê Permanente de Crise, estavam presentes o INCRA, o Padre, o Prefeito, etc.

3. Estavam presentes também a Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas, a Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Nova Era, e o advogado dos camponeses.

4. Estavam presentes, pela primeira vez em Matias Cardoso nos últimos 15 anos, o latifundiário Mirondes e seu filho playboy. Junto com seus advogados, é claro!

5. A representante do INCRA, Dona Moema, sempre encostada em um policial com no mínimo 3 estrelas, gaguejava, e mal conseguia reproduzir as orientações do Superintendente do INCRA MG, que era para se posicionar contra a retirada das famílias até a colheita da roça.

6. Diante do protesto do advogado dos camponeses, o oficial de justiça constatou: a ordem judicial não mandava retirar as famílias presentes. Era uma ordem de despejo contra 3 camponeses!

7. Foi lavrada uma ata, suspendendo a ação policial.

8. Na verdade, com o apoio do Estado, da Polícia Militar e do Governador, o que se pretendia com tamanha força policial era, pela força, vender gato por lebre, como no tempo da ditadura militar, no tempo dos coronéis, pegar um papel fajuto contra um e tentando se aproveitar da ignorância dos demais sujeitá-los todos aos desmandos dos poderosos.

9. Vejam todos! 0 governo do Estado de Minas Gerais, que não paga direito seus professores, que nega aumento de salários para a própria Policia Militar, que sucateou a saúde, etc., tem dinheiro para bancar uma expedição da PM com mais de 200 policiais para retirar 3, isto mesmo, 3 famílias da terra, nos rincões do Norte de Minas!

A HISTÓRIA

1. A Fazenda Calindó estava abandonada há pelo menos
10 anos, quando foi ocupada pelos camponeses pobres em 1998.

2. O latifundiário Josef Mirondes, nos tempos do regime militar e sob os auspícios da Ruralminas, pegou financiamento a fundo perdido, se utilizando da Fazenda Calindó que estava na área mineira da SUDENE, e lá só fez carvão, plantou uns poucos pés de mandioca, e sumiu com os pivôs e o dinheiro para suas terras em Indaiatuba, no interior de São Paulo.

3. Em 1999, depois dos camponeses provarem ao INCRA que a terra só era improdutiva nas mãos dos latifundiários, exibindo na mesa do então Superintende milhos, abóboras e feijão colhidos na área, os camponeses foram cadastrados e a terra vistoriada.

4. Ficou comprovado por tal vistoria que onde os camponeses estavam não havia mais nada a ser preservado. Mas, a área havia sido incluída em área de APA, Área de Preservação Ambiental, por ordem do então Governador Eduardo Azeredo, para atender a demanda dos japoneses investidores no Projeto Jaíba.

5. Ainda assim, o IEF (Instituto Estadual de Florestas) emitiu um laudo no qual afirmava peremptoriamente que o fato de a área ser APA não impedia o assentamento das famílias ou a utilização das terras para a Reforma
Agrária.

6. Mesmo o atual Superintendente do INCRA, à época estando no ITER e defender a desapropriação das terras, ate agora, passados 07 anos, isso mesmo, 07 anos, nenhuma solução foi dada aos camponeses.

7. O que o Estado não fez,os camponeses pobres fizeram! Construíram casas de alvenaria. Têm roça, gado, animais e cabras. E até uma escola os camponeses fizeram, só que o funcionamento foi suspenso por pressão do Vice-Prefeito, Tião Bezerra, aliado dos Mirondes, um dos únicos que entrou mudo e saiu calado da reunião que suspendeu a ação policial.

OS ABSURDOS

1. Será que em Matias Cardoso vai acontecer como aconteceu em Goiás, quando as 4.000 famílias do condomínio Sonho Real, que lutavam por moradia, foram atacadas violentamente, sendo que vários foram mortos ou desaparecidos, para depois os governantes lhes acenarem com a desapropriação do mesmo terreno?

2. Será que em Matias Cardoso teremos uma nova “Operação Triunfo”, como o governo Marconi Perilo e a PM de Goiás chamaram a ação da tropa de mais de 2.500 policiais, que no dia 16 de fevereiro destruiu casas e assassinou até 15 trabalhadores, como denunciaram testemunhas?

3. Será que o Estado, que não faz, vai destruir o que os camponeses fizeram, casas, roças e criações?

O povo quer terra, não repressão!
Terá, pão, justiça e Nova Democracia!

Email:: ligamg@uol.com.br


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