Índios ameaçam incendiar Funasa
JUAZEIRO – Índios das tribos Atikun Bahia e Tumbalalás que ocupam o prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) desde o dia 5 deste, ontem à tarde, ameaçaram tocar fogo em parte do patrimônio. Chegaram a empilhar pneus e pedaços de madeira perto de dois carros e uma moto, no pátio interno da fundação. Policiais federais, militares e do Corpo de Bombeiros, avisados, permaneceram na frente do prédio, até o início da noite.
Para acalmar os ânimos, foi feita reunião de aconselhamento entre policiais, índios e representantes da Procuradoria da República de Petrolina, que conseguiram um acerto com Djanira Jovelina da Silva, cacique dos Atikuns. Ela e outros líderes das aldeias farão uma pauta, escrita, das reivindicações para encaminhar à Funasa, Funai e Ministério Público Federal, em Salvador.
Eles pedem melhor infra-estrutura nas aldeias, assistência médica e carros nas tribos para locomoção de doentes. E melhores condições para o plantio, com aquisição de equipamentos e sementes. Segundo o delegado da Polícia Federal em Juazeiro, Alexandre Lucena, “os índios concordaram em não atentar contra o patrimônio da União e aguardar resposta dos órgãos às suas reivindicações”.
Em dez dias de ocupação, apenas o administrador da Funasa em Paulo Afonso, Sílvio Marques, teve um encontro com os índios, logo após a invasão do prédio. Apesar de ele ter prometido visita semanal de uma equipe médica às aldeias, não houve acordo. Os índios consideraram “mais uma promessa, sem compromisso”.
Funcionários da Funasa e da Funai, como outras categorias de servidores federais, estão em greve desde o início de junho, “mas a situação exige a presença de representantes dos dois órgãos, para evitar que o protesto deixe de ser pacífico”, é o entendimento dos que estiveram ontem com os índios.