Petistas criticam o ‘stalinismo econômico’
Economistas ligados ao PT que vêm fazendo duras críticas à atual política econômica acusaram ontem o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tentar desqualificar seus opositores.
O economista Odilon Guedes, vereador pelo partido em São Paulo e colaborador dos planos de governo de Lula nas campanhas de 1989 e 1994, afirmou que o País corre o risco de viver um “stalinismo econômico”. “O governo começou a criar inimigos virtuais para interromper o debate”, disse Guedes, no lançamento do documento “A Agenda Interditada”, assinado por 291 economistas.
O principal alvo das críticas feitas ontem pelos economistas ligados ao PT foi o presidente do partido, José Genoino. No sábado, Genoino reagiu à “Agenda Interditada” dizendo que o governo Lula não era uma “transição para o socialismo”, já que o documento dos economistas pede mudanças radicais, como o controle do fluxo de capitais no País.
“Dizer que estamos propondo o socialismo é enganação. Ou o Genoino falou sem ler o documento, ou está de má-fé”, disse o professor da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Júnior, um dos idealizadores da “Agenda Interditada”. “O Brasil já é um país autoritário, e a interdição do debate feita pelo governo Lula é a continuidade do governo Fernando Henrique Cardoso.”
“É incompreensível que o governo comece a desqualificar a oposição e desqualificar seu passado. É uma visão autoritária”, afirmou o economista Robério Paulino.
Entre as assinaturas do manifesto, há pelo menos 18 economistas ligados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sendo 5 funcionários da instituição.
O economista do BNDES Maurício Dias David disse: “Nem procuramos o Lessa (Carlos Lessa, presidente do BNDES) para não causar constrangimento. Todos sabem que o Lessa está afinado com essas propostas”, referindo-se ao conteúdo desenvolvimentista do manifesto.