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El color del Movimiento de Trabajadores Sin Techo

02.04.06

A cor do MTST
Por Márcia Correia

A cor é homogênea. Cor de madeira. Um bege escuro. Às vezes aparece um azul, um rosa, um amarelo entre as frestas. Cor de madeira. É com essa cor que está o acampamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

Quando faz frio na comunidade Chico Mendes, em Taboão da Serra, alguns telhados se movem com o vento. O plástico preto, em muitas casas, sai do lugar também. O vento é frio e vagaroso. As portas estão fechadas. Pequenas casas que parecem caixinhas de fósforo com telhado.

A luz só aparece em alguns cantos do acampamento. Quando tem lua, a luz é de todos. Muita gente, pouco espaço. Assim, são mais unidos. Se esse movimento fosse como é o mundo, todos estariam voltados para o próprio umbigo. Não teriam se acorrentado por treze dias. Todos juntos.

O sonho? Ter uma casa. Ser alguém. Ter um quintal para estender as roupas, lavar os sapatos velhos, criar algum bichinho de estimação, sentar e descansar. Abrir o portão de casa para um amigo, criar alguma planta num cantinho perto da parede. Parede. Essa vida é uma parede. Cada dia, um tijolo. Ter um endereço. Nome de rua, número, CEP. Destinatário. Remetente. Ver o carteiro. Tão simples e tão difícil de ser conquistado.

A cozinha é comunitária. Muitos nem têm o que comer. A comida é uma luta diária. O banho, o sono, o trabalho. As pessoas de olhar triste sorriem. Ainda existe fé. A luta continua.

Vez por outra, ouve-se o som de uma música. Chegando mais perto, percebe-se que a música é um forró ou algum sucesso antigo em um dos bares abertos no improviso desse cenário. A diversão ainda existe no lugar em que a realidade toma o espaço da ilusão. A sinuca. O jogo. A conversa. A bebida. As crianças brincam sem pensar no futuro. Os dias se passam. O menino escova os dentes na rua. Que rua? Não existe quintal. Nem torneira. Nem pia. Um canequinho de água é o suficiente.

Já faz seis meses. Vários Chicos Mendes.

“Ê ôô Vida de gado….Povo marcado ê …Povo feliz…” (bis)

…Lá fora faz um tempo confortável
a vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia,
os homens a publicam no jornal…

“Ê ôô Vida de gado….Povo marcado ê …Povo feliz…” (bis)

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