Brasil: Continua ola de ocupaciones

30.Jul.03    Análisis y Noticias

RECIFE – Cerca de cem integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) invadiram na madrugada de ontem o mercado público do município metropolitano de Cabo de Santo Agostinho. No prédio, inaugurado em 1930, funcionam uma oficina de artes e o almoxarifado da Secretaria de Cultura. Os sem-teto quebraram os cadeados dos portões e os substituíram.

O secretário municipal de Assuntos Jurídicos, Júlio César Correia, informou que vai pedir reintegração de posse do prédio. Há um projeto de instalação de um Centro de Cultura de Artes Plásticas no local.

Segundo ele, a prefeitura negocia com os sem-teto desde o início do ano. Eles apresentaram um cadastro de 1.200 famílias, apontando 110 delas como prioritárias. A prefeitura propôs adquirir terrenos desde que eles conseguissem a infra-estrutura para construção das casas com o governo do Estado.

Ontem, durante negociação, a prefeitura reafirmou a proposta, que não foi aceita. “Eles querem os terrenos sem a infra-estrutura, mas assim não concordamos porque senão estaremos promovendo a criação de uma grande favela”, afirmou Correia.
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Quem olha pela janela do Edifício Miró, na Rua Itacema, exatamente onde termina a pacata Rua Urimonduba, no Itaim, ve barracas de lona preta invadem calçadas e ruas, pessoas descalças transitam a pé para lá e para cá.

Da noite para o dia, cresce o número de integrantes do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC) acampados na frente do prédio da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), na Avenida 9 de Julho. As barracas tomaram o canteiro central da via e estão em quase toda a extensão da Rua Urimonduba.

A maioria deles ocupa a área desde a madrugada de quinta-feira, quando foram obrigados a sair do Hotel Danúbio, invadido no centro. Outros, cerca de 120, chegaram na segunda-feira pela manhã, vieram de vários bairros de Diadema. No total, chegam a quase mil. Desde então, se organizaram para distribuir comida, dormir, tomar água e usar o banheiro.

“Só vamos sair daqui quando o governo nos der uma alternativa decente”, disse uma das líderes, Ivanete de Araújo, de 30 anos.

Os dramas são parecidos sob as lonas do acampamento. Quase todos são desempregados, trouxeram os filhos para a rua e buscam uma moradia para fugir do aluguel.