Diário da Ocupação do Comitê de Resistência Popular
Por Comitê de Resistência Popular 15/12/2003 às 22:51
Descrição do cotidiano da ocupação.
06/12/2003 (sexta-feira)
As famílias organizadas pelo Comitê de Resistência Popular, durante a madrugada, ocupam o prédio nº 29 da rua Pedro Alves. Passam a noite no local que se encontrava muito sujo,devido aos anos de abandono.
07/12/2003 (sábado)
Logo pela manhã, as advogadas da RENAP (Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares) chegam ao local. Em seguida, uma viatura policial e um carro com dois homens desconhecidos chegam e param em frente ao prédio. Os policiais batem na porta, provocando e ameaçando os moradores de prisão, falando que iam chamar os bombeiros para arrombar a porta e prender todos os moradores. Os moradores não se intimidam, e as advogadas da RENAP conseguem confirmar que se tratava de uma tentativa ilegal de intimidação por parte dos policiais do 5º Batalhão, que não tinham nenhuma ordem ou mandato judicial.
Os moradores iniciam um mutirão de limpeza do local.
08/12/2003 (domingo)
O mutirão de limpeza do local continua. O Comitê de Resistência Popular organiza uma panfletagem nas áreas vizinhas a ocupação e circula um abaixo-assinado em apoio à permanência e a regularização dos moradores no local.
09/12 a 11/12/2003 (segunda a quinta-feira)
As famílias terminam a limpeza do prédio. O Comitê de Resistência Popular organiza reuniões com as entidades e organizações populares que apóiam o luta pela moradia para explicar seus objetivos e traçar uma estratégia de ação conjunta. As famílias ficam sabendo na quinta à noite que a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária havia entrado na justiça com um pedido de reintegração de posse. Elas decidem resistir e esperar a decisão da justiça.
12/12/2003 (sexta-feira)
Várias entidades se concentram na frente do prédio para fazer um cordão de isolamento e denunciar a ação da Irmandade. Representantes da CUT, CMS, ADE (ação Direta Estudantil), SINTUFF, e várias outras entidades, além de indivíduos, se concentram o dia inteiro esperando a decisão da justiça. O dia termina com uma vitória, a justiça não concede no dia a liminar de reintegração de posse, e as famílias permanecem no local. No final da tarde é realizada uma reunião com todas as organizações populares que estiveram presentes prestando solidariedade, o Comitê agradece seu apoio e traça uma estratégia de ação comum.