No sábado, dia 28/05, cerca de 100 famílias ocuparam uma área pública em Passo Fundo - RS.
Famílias de sem-tetos fazem ocupação em Passo Fundo -RS
No sábado, dia 28/05, cerca de 100 famílias ocuparam uma área pública em Passo Fundo - RS.
A ocupação começou às duas horas da manhã, com quinze famílias que se organizaram e começaram a construir seus barracos de lona e madeira, aproximadamente ás 3 da manhã a polícia apareceu, com ameaças de prender a todos os ocupantes caso eles não retirassem a lona, como a resposta foi de que as pessoas continuariam construindo seus barracos, a viatura se retirou após esperar sem sucesso por cerca de 40 minutos pela retirada do material.
Com o amanhecer do dia outras famílias se agregaram junto a área e também começaram a construir seus barracos e demarcar seus terrenos.
Durante todo o dia a polícia esteve vigiando os ocupantes, com o passar do tempo e com o crescimento do número de ocupantes, a vigilância diminuiu e se resumiu a passagens de viaturas a cada 3 horas.
Secretário Municipal da Habitação Esteve Presente na Ocupação
Às 15;00 horas o Secretário da Habitação do Município, Tadeu Karsescki, esteve visitando a ocupação, conversou com alguns ocupantes e manifestou sua contrariedade com o fato, disse que as famílias deveriam se retirar da área, e que por ser uma área verde, o Ministério Público junto com os órgãos ambientais entrariam na justiça para uma reintegração de posse. Disse também que na segunda-feira, dia 30/05, se reuniria com a Caixa Econômica Federal para ver se é possível a obtenção de recursos para resolver a questão das famílias da ocupação, e tornaria a se reunir com os ocupantes na Quarta-feira.
Imprensa visita a ocupação
No sábado a Rádio Uirapuru -AM esteve no local e entrevistou alguns ocupantes, e a princípio se manifestou favorável á ação por entender que é uma reivindicação legítima.
No domingo o Jorna O Nacional, esteve fotografando a área e fez matéria que foi publicada na segunda-feira, com fotos.
Reunião para decidir e Organizar
No sábado ás 16:00 horas houve reunião com um representante de cada família para decidir os passos a seguir, as famílias decidiram ficar e resistir na ocupação ao mesmo tempo que foi decidido permanecer abertos ao diálogo com o poder público municipal, polícia militar e governo do estado, ou seja resistência pacífica.
Foi decidido também que no domingo seriam feitos cadastros das famílias para se conseguir uma noção mais exata de qual o número de ocupantes.
No Domingo, o cadastramento.
No domingo foi feito o cadastro dos ocupantes, num primeiro momento foram preenchidos cerca de 110 cadastros, nesse cadastro é colocado o nome do casal ou do ocupante, RG, CPF, n.º de filhos, se possui emprego, se é cadastrado junto a projetos habitacionais do município e onde e como mora: aluguel, emprestado, área de risco, com parentes, com os pais, etc.. Esse cadastro ficará com a comissão de organização da ocupação.
Autonomia e Poder Popular
Cabe ressaltar a autonomia do movimento, não tem nenhum partido político, ONG, ou parlamentar inserido nessa luta, que se encontra até o momento unicamente com o apoio da Comissão dos Direitos Humanos de Passo Fundo, hoje, segunda-feira, haverá a tentativa de conseguir apoio externo com movimentos, sindicatos, vereadores, etc.
Até o momento manifestou apoio e esteve hoje de manhã, (dia 30/05) se colocando a disposição o Sindicato dos Rodoviários de Passo Fundo, com médico, setor jurídico, material, alimentos, entre outros.
Afinal, a quem pertence a área ocupada?
Sobre o proprietário da área ainda não há uma maior clareza, pelos nossos informes a área seria da Companhia de Saneamento e Água, CORSAN, uma empresa do governo do estado, pois a cerca de seis anos foi desapropriada para ser construída próxima dali uma estação de tratamento de esgoto, sendo que o proprietário deixou de plantar devido à desapropriação, retirou a cerca, e o local ficou abandonado servindo para depósito de lixo, cemitério de animais mortos, campo para cavalos, etc.
Os ocupantes estão dispostos a permanecer na área e resistir até quando for possível, existe uma precariedade de material para construção dos barracos, poderá chover nos próximos dias o que agravará ainda mais a situação, visto que poderá ocorrer alagamento de uma parte da área.