Zapatistas europeus consolidam solidariedade com a sexta Declaracao

26.Jul.05    Análisis y Noticias

Consolidam sua solidariedade com a Sexta Declaração.
É o momento de dar outro passo contra o neoliberalismo”, dizem

Barcelona, 23 de julho. A proposta zapatista de criar um novo movimento
internacional de resistência e luta contra os estragos que provocam as
políticas neoliberais foi o principal tema de debate e analises de diversos
grupos europeus de solidariedade com o Exercito Zapatista de Liberação
Nacional (EZLN). Todos eles coincidiram na necessidade de fortalecer o
diálogo entre os múltiplos coletivos internacionais para superar o feito
histórico de formar uma aliança mundial que combata as injustiças lacerantes
que imperam no mundo.

Em La Garriga, centro cívico barcelonês de autogestão, se congregaram mais
de uma centena de pessoas vinculadas aos coletivos europeus de solidariedade
e defesa dos direitos dos indígenas mexicanos. A Sexta Declaração da Selva
Lacandona e o novo contexto nacional e internacional derivado das recentes
mensagens do EZLN foram debatidos no primeiro dia do encontro, no qual se
abordou a necessidade de se levar adiante a proposta de fortalecer as redes
internacionais para criar um movimento internacional de resistência.

Andrés Sieglithaler, do Coletivo de Solidariedade de Zurich, explicou que
“quando conhecemos a Sexta Declaração acreditamos que era uma oportunidade
para reunirmos e avaliar seu conteúdo e definir quais poderiam ser os
próximos passos a se dar. Por isso creio que a proposta de se criar um
movimento internacional é muito interessante, pois de alguma maneira os
zapatistas estão saindo da concha do caracol para ver o que se passa tanto
no México como em escala internacional”.

Alfio Nicotra, responsável pelo setor paz da Refundação Comunista da Itália,
disse por sua vez: “Com a Sexta Declaração dos zapatistas se da um passo a
mais nesta proposta de mudança no México e no movimento internacional contra
o neoliberalismo. Esta iniciativa interessa muito à esquerda européia e aos
movimentos de resistência, já que a proposta zapatista é muito importante,
porque surge do que considero ser o primeiro movimento anti-neoliberal do
terceiro milênio e porque fazia falta algo assim para iniciar a construção
de um movimento político internacional contra o neoliberalismo. Agora os
zapatistas propõem uma política de alianças mundial de uma forma totalmente
aberta, nela eles estão convidando todos os movimentos internacionais: o
operário, o camponês, os homossexuais, as mulheres, os pacifistas, etcétera,
o que demonstra que o zapatismo representa uma nova maneira de fazer
política, por isso sua proposta é importante para expandir esta nova forma
de entender o exercício do poder e da política, na qual se parte desde baixo
e se promove a participação e a democracia verdadeira. A atitude zapatista
de relacionar-se com outros forças com respeito e escutando, é uma proposta
moderna e que poderá ser a solução da histórica dispersão da esquerda. Em
segundo lugar, creio que necessitamos de uma esquerda nova, não dogmática,
radical e que se proclame abertamente de esquerda. Creio que na América
Latina se está formando uma esquerda radical e não minoritária, como se
demonstra o que esta se passado na Bolívia, México e Venezuela”.

Lutz Kerkeling, do grupo BASTA, de Münster, Alemanha, disse: “Creio que a
proposta zapatista é muito importante para criar de verdade uma rede que
trabalhe desde baixo a esquerda, e não como trabalham os foros sociais, que
estão dominados por algumas organizações não governamentais ou por alguns
partidos políticos e governos, que são um perigo que não nos gosta nem um
pouco. Por isso queremos formar uma organização que seja verdadeiramente
desde a base, e todos sabemos que o EZLN sempre tem sido um motor para unir
a gente e isso deve ser aproveitado para formar esta aliança”.

Lola Sepúlveda, do Centro de Documentação Zapatista, acrescentou no debate a
idéia de que “deste encontro têm que sair uma ampliação das redes européias
de solidariedade com o zapatismo e também o sentimento de que se deve
reforçar o diálogo dos movimentos de luta contra o neoliberalismo. A
proposta de ser criado um movimento internacional é viável, interessante e
necessária, mas não é fácil e requer muito trabalho. A chamada de um novo
encontro intercontinental é um passo decisivo para retomar os pontos de luta
e seguir adiante. Além do mais, creio que agora mesmo não haja nenhuma
organização nem coletivo que possa lançar uma iniciativa como esta além do
que o EZLN, que creio que é o único capaz de fazer que nos proponha o velho
lastro da esquerda e das formas de poder que a esquerda representa”. Uma
idéia compartilhada por Fernando, da Rede de Apoio Zapatista de Madrid, que
disse que “o zapatismo tem demonstrado tanto na pratica como na teoria que
é capaz de levar a cabo essa proposta de depositar o poder nas bases
sociais”.