Brasil: Los principales economistas de izquierda del pais critican neoliberalismo de Lula

14.Jun.03    Análisis y Noticias

Economistas criticam ‘neoliberalismo’ de Lula
Em manifesto a ser divulgado na segunda, eles atacam ‘insensatez do mercado’

RIO - Um grupo de 50 economistas, a maioria deles ligada ao PT, decidiu assumir publicamente uma postura crítica em relação à política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Na segunda-feira, véspera do início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que decidirá sobre a taxa básica de juros, eles assinam, em atos simultâneos no Rio e em São Paulo, um manifesto denominado Agenda Interditada. O texto é centrado no julgamento de que o governo petista aderiu ao neoliberalismo e “à insensatez do totalitarismo de mercado”.

O nome do manifesto é uma alusão à Agenda Perdida, documento elaborado por um grupo de economistas e cientistas sociais coordenado por José Alexandre Scheinckman. O estudo sugeria uma diretriz econômica que foi praticamente toda encampada pela equipe de Lula. Entre as propostas estavam a manutenção dos níveis atuais de superávit primário enquanto não houver redução duradoura do risco Brasil, câmbio flutuante e regime de metas de inflação, além da institucionalização dos procedimentos fiscais e manutenção da estabilidade da moeda.

O movimento atual é liderado pelo professor da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Jr., um dos autores do manifesto, juntamente com outros professores da universidade e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Muitos dos signatários são ligados à corrente econômica da qual fazem parte a economista Maria da Conceição Tavares e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Carlos Lessa, ex-reitor da UFRJ. Nenhum dos dois assinou o documento nem o comentou publicamente.

Ultimamente, Lessa tem preferido esquivar-se de questões que envolvam a avaliação da política econômica. “Não estou mais com meu chapéu de economista, mas com o de banqueiro”, costuma dizer. O BNDES é o principal instrumento para a efetivação da nova política industrial.

O manifesto, que será assinado nos conselhos regionais de economia no Rio e em São Paulo, pede uma mudança radical nas diretrizes econômicas.

Economistas que assinaram o documento no Rio consideram o atual governo “ruim”, “confuso” e “neoliberal”. José Carlos de Assis, assessor da reitoria da UFRJ, disse que “essa é a primeira manifestação coletiva de economistas por uma mudança não tópica, mas orgânica na economia”.

Segundo ele, o manifesto “não é contra o Lula nem ninguém, é propositivo”.

Questionado se considera o atual governo neoliberal, disse que “não diria o governo, mas a política econômica com certeza é”.

Propostas - A Agenda Interditada propõe controle do fluxo de capitais externos, medida já enfaticamente rejeitada pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Também prega a administração do câmbio em nível favorável às exportações; redução do superávit primário; ampliação dos gastos públicos, com prioridade para educação, saúde, segurança, assistência e habitação; redução significativa da taxa básica de juros; promoção de investimentos públicos e privados em saneamento e infra-estrutura; manutenção e ampliação da política de incentivo às exportações e substituição de importações, e política de rendas pactuada para controle da inflação.

O economista João Paulo de Almeida Magalhães, professor aposentado da UFRJ também signatário do manifesto, acredita que o governo Lula “é mais neoliberal do que o anterior”.

Admitindo que suas idéias são “mais fortes” do que as do manifesto, ele ataca o que classifica de “visão neoliberal”, que condiciona desenvolvimento a equilíbrio fiscal e cambial.

Para Magalhães, o controle da inflação em patamares muito baixos é “uma lenda do real”. Argumenta que o governo Juscelino Kubitschek permitiu o crescimento econômico com inflação de 30% ao ano.

Colaborador do programa econômico do PT desde 1989, inclusive nas últimas eleições, o professor da UFRJ Reinaldo Gonçalves considera a política econômica do atual governo “suicida”. Para ele, é preciso “acabar com a paranóia do superávit primário” para combater o desemprego. “O governo Lula é um governo ruim. Está com problemas sérios na política macroeconômica, a reforma da Previdência é péssima, a tributária é pífia e a área social não está andando”, disse.

O economista avalia que “não há qualquer justificativa econômica” para que o governo não inicie um processo de desenvolvimento do País e, portanto, a questão é política. “A hipótese é que foram feitos acordos na campanha eleitoral que agora estão sendo cumpridos”.