Metroviários decidem fazer paralisação hoje
A principal reivindicação é o reajuste salarial, garantido pelo TRT
ANDRÉ AMARAL
Mais de 2,5 milhões de passageiros vão ficar sem metrô hoje. Ontem à noite, uma assembléia dos metroviários decidiu que os 8 mil funcionários da Companhia do Metropolitano (Metrô) entrariam em greve, por 24 horas, a partir de zero hora.
A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) anunciou que fará uma operação especial, reforçando as frotas de ônibus. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) liberou o rodízio, a Zona Azul e estacionamento mesmo em locais que tenham placa de proibição.
Uma liminar do juiz João Carlos de Araújo, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP), concedida ontem, obriga 80% dos trens a circularem durante todo o dia e 100% nos horários de pico. A liminar prevê multa diária de R$ 200 mil, mas a determinação não deverá ser cumprida pela categoria.
A principal reivindicação dos metroviários é o pagamento do reajuste de 18,13%, garantido por decisão do TRT, em maio. O Metrô não concedeu o reajuste, que deveria ter sido pago no adiantamento quinzenal, na semana passada – ofereceu 16% sobre o salário de abril –, e recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília. O TST deve divulgar até amanhã se acata a liminar ou marca mais uma audiência de conciliação.
‘Limite’ – “Sabemos o transtorno que isso causa à população. Mas espera e negociação têm limite. A categoria esperou, em busca de negociação, e o Metrô abusou do direito de não cumprir uma decisão judicial”, disse o presidente do sindicato, Flávio Godói, que apóia o não-cumprimento da liminar obrigando a circulação de grande parte dos trens. “É um absurdo. Em alguns horários, normalmente, circulam 40% dos trens. Cumprir essa determinação seria não fazer a greve. O Metrô não está cumprindo o que decidiu o TRT.”
O sindicato também exige 100% de horas extras e adicional de periculosidade de 10% para supervisores, agentes de segurança e funcionários das bilheterias.
O TRT marcou uma audiência de conciliação para hoje, às 14h15. Em Brasília, o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e o presidente do Metrô, Luis Carlos David, foram ao TST. O sindicato marcou outra audiência para hoje, às 18 horas, para avaliar se a greve continuará.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do Metrô, a empresa vai acionar o sistema Paese e aguardar a audiência de conciliação do TRT. Em nota distribuída ontem, o Metrô informa que o reajuste salarial pedido pelos funcionários e outros benefícios consumiriam 80% da receita, “tornando a administração da empresa inexeqüível”.