Eleições e Autonomia: uma mensagem para os ativistas estudantis

26.Jul.06    Análisis y Noticias

repassando no intuito de pensar aspectos de nossa realidade…
Abraços, Axé e Anarquia!

Por Liberdade

Agora que estamos no final do governo Bush Jr. E, ao mesmo tempo, ao final
do governo Lula, uma reflexão se faz necessária. De um lado, temos um
Estados Unidos fragmentado, atormentado pela loucura da guerra do Iraque e
das conseqüências dos atentados de 11 de setembro, uma população movida pela
fobia da segurança pessoal e da segurança nacional, loucos por carros
blindados e seguranças particulares, sob a emergência de um conservadorismo
descartável mas articulado, preparado e intencional. No entanto, com o fim
do segundo mandato de Bush Jr., decaiu também esta febre conservadora. E
isto porque parece que parte da população norte-americana percebeu, através
de filmes como o de Michael Moore e outras coisas, que toda esta guerra
sempre foi algo altamente orquestrado, que esta guerra não passa de um
grande espetáculo, como dizem os zapatistas, de modo que mesmo Bush Jr. Está
ao lado da população norte-americana e do lado dos nobres islâmicos, donos
do petróleo e portanto do poder mundial. Bush Jr. e seu partido não percebem
que até hoje há um conflito entre eles e os japoneses, por exemplo. O
interior de São Paulo ainda é dominado por uma gangue super poderosa de
japoneses que não aceita que o Japão perdeu a guerra, como dizia a imprensa
na época do final da 2a Guerra, pois o Japão tem uma tradição milenar de
vitórias. O povo japonês ainda tem um grande rancor sobre a perda da 2a
Guerra Mundial, afinal, foi mesmo uma covardia dos norte-americanos a
explosão de Iroshima e Nagasaki, quando ninguém esperava uma bomba nuclear
(e uma bomba nuclear é o que há de mais covarde na face da terra!
Pessoalmente, eu prefiro a tradição dos samurais, que faz tanto sucesso nos
mangás atualmente).

O fato é que é muito possível que Bin Laden nem exista, que ele seja o
próprio Bush, ou o que é pior, que ele esteja realmente ao lado de Bush. Se
alguns democratas estão certos, eles são realmente amigos, parceiros de
viagem, e aliados de guerra. Por isso, por mais que eu não seja marxista,
devo assumir a importância do conceito de alienação na pós-modernidade,
porque através dele existe o governo representativo e é através dela, a
alienação, que os governantes se mantém no poder, como se manteve Bush Jr. e
como provavelmente se manterá Lula ? aliás, aliados políticos.

Ao mesmo tempo, o povo norte-americano é especialmente movido por um
puritanismo pungente. O impeachment de Bill Clinton foi a coisa mais absurda
e ridícula que já aconteceu na história da humanidade. Collor sofreu
impeachment no Brasil porque roubou claramente o povo brasileiro, porque era
um incompetente e porque usava drogas, entre outras coisas. Bill Clinton se
encantou com uma estagiária oportunista que queria o seu dinheiro e sua
mulher o perdoou (e eu faria o mesmo, afinal Mônica Lewinski apenas queria
lucrar ? ou ninguém percebeu isso?), mas o povo norte-americano preferiu
investir no puritanismo, no conservadorismo, na patifaria da opressão da
opinião pública, que se opõe à noção de liberdade e intimidade, como já
diria Stuart Mill, super ovacionado pela direita (mas não vamos entrar
afundo nesse assunto).

Muito bem, do nosso lado, do lado do povo brasileiro, a alienação é também
generalizada. Veja no caso do movimento de rádios livres. O governo Lula,
para não enfrentar a questão das rádios comunitárias, ou para enfrentar
freando, decidiu apoiar alguns segmentos do movimento, certamente aqueles
mais retrógrados e influenciados por uma certa profissionalização do
ativismo, e que portanto aceitaria se vender por pouco, fomentando e freando
ao mesmo tempo o movimento. Deste modo, sem discutir em nenhum momento tais
questões conosco (se concordávamos com os métodos, se achávamos correto, se
haveria outra possibilidade etc), propuseram a promoção de oficinas em
rádios livres do mundo inteiro, da forma mais opressora possível (como se
nós fossemos os experts), uma vez que nós, da rádio Muda, somos a maior
rádio livre do mundo atualmente. Neste sentido, alguns mudeir@s e algumas
pessoas que não fazem parte de rádio alguma, foram convidados em detrimento
de outros (portanto, criando richas no movimento e hierarquias), pelas
razões acima e também talvez por serem politicamente mais mansos, a dar
oficinas e receber dinheiro em troca. Sim, eu sei que esta é uma discussão
muito atual na resistência brasileira, talvez mundial, por isso estou
tocando no assunto. O ponto é que não faz o menor sentido lucrar com um
movimento autônomo, pois isso é simplesmente o mesmo que destruir a
autonomia do movimento. Ao menos o movimento anti-globalização parou nesta
questão: o que é o ativismo? Será que devemos abandoná-lo?

Portanto, se há pessoas precisando trabalhar, vejam, há muitas formas de se
faze-lo, há ONGs especializadas nisso, há muitos espaços vazios em
sindicatos, mas o movimento autônomo é o movimento autônomo e deve
permanecer sendo autônomo, essas pessoas estão destruindo a nossa autonomia.
Ora, mas a quem eu me refiro quando digo ?estas pessoas?? Refiro-me ao
governo Lula, aos governos representativos, mas principalmente aos ativistas
que estão fazendo isso, talvez por ignorância, talvez por oportunismo.

Se não houvesse alienação, as pessoas perceberiam que o governo Lula está
fazendo isso com as rádios livres porque sabe que o movimento de rádios
livres é um dos maiores do mundo, junto com o MST, e que, porque tem muito
poder político e forte influência anarquista, precisa freá-lo. Alguém aqui
tem dúvidas quanto ao fato de que o governo Lula brecou os movimentos
sociais? Bem se há alguém que duvide disso, então veja qual é o maior
argumento contra este governo: a ausência de transformações. Ora, se a mola
propulsora das transformações sociais são os conflitos sociais, então se não
há conflito não há transformação. Ora ora, parece que o governo Lula bebeu
do seu próprio veneno, porque esta é a razão maior do fato de que está
perdendo para o PSDB. Claro, há razões políticas, de alianças etc, mas este
argumento na minha opinião é muito forte e é o argumento da direita e do
povo, que Lula não fez grandes mudanças desde o governo FHC. Não precisa
dizer mais nada.

Mas há, na minha opinião, duas questões realmente importantes que precisam
ser levadas em consideração nesta eleição, do ponto de vista do estudante
especificamente. Primeiro, a questão dos movimentos sociais: Será que este
governo está realmente incentivando os movimentos sociais ou está
brecando-os? Houve transformações? O segundo ponto é quanto ao incentivo em
pesquisa. Incentivar a universidade pública é incentivar a pesquisa, não é
promover ?reformas? universitárias (uma palavra simbólica aliás para um
operário que pegava no martelo). Incentivar a universidade pública não é
construir MUITAS universidades com professores mal pagos e estudantes
alienados, É INCENTIVAR A PESQUISA. Um país que incentiva a pesquisa é um
país desenvolvido e é disso que a universidade pública, seja estadual seja
federal precisa. Eu ainda prefiro o Lula, porque pelo menos ele não espanca
professores universitários e das universidades públicas, como fez Alckmin em
seu governo com o apoio de FHC (afinal, preferiam as univerdades pagas e
incentivaram somente isso, com a força de Paulo Renato, aquele que nos
sucateou). Mas votarei nulo.

Liberdade.

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